quarta-feira, 19 de março de 2014

MUSEU DA REPÚBLICA, PALÁCIO DO CATETE - RIO DE JANEIRO - 19/03/2014

Meus planos para a semana aqui no Rio de Janeiro, incluía uma visita ao Museu Histórico Nacional. Achei que seria possível por estar localizado bem próximo ao hotel onde estaria hospedada, Ibis. A razão de querer conhecê-lo, em grande parte se deu devido a uma indicação vinda, nada mais nada menos, de Laurentino Gomes (escritor dos livros 1808, 1822 e 1889). Em um dia de autógrafo, em Itu, o próprio me teria dito que boa parte do acervo histórico, da época da monarquia, estão disponíveis nos museus em Petrópolis e no Museu Histórico. Infelizmente os horários de abertura não foram compatíveis com o meu e, por isso, lamentavelmente ficará para uma próxima. 

No entanto, descobri que há um museu muito interessante na quadra ao lado do Hotel Regina, onde estou ministrando o treinamento. Trata-se do Museu da República. Como neste momento estou lendo  o livro 1889, justamente sobre a Proclamação da República, acho que poderá agregar. Por isso, na volta do Real Gabinete de leitura, como passei em  frente, verifiquei horários, preço do ingresso e aproveitei para tirar umas fotos da fachada e dos jardins. 





Fiquei muito animada e, no dia seguinte, tive uma surpresa muito boa. Ao chegar, descubro que quarta-feira é o dia da cultura e, por isso, o ingresso é gratuito. 


Hitórico

Sede do poder público por mais de 63 anos, este prédio foi construído entre 1858 e 1867 por um comerciante e fazendeiro do café chamado Antônio Clemente Pinto, Barão de Nova Friburgo. Erguido no RJ, enquanto Capital Imperial, tornou-se símbolo econômico da elite cafeicultora escravocrata do Brasil. O projeto inicial foi trabalho do arquiteto Gustav Waehneldt. 

Mais tarde, após a morte do Barão e sua esposa no ano de 1889, o Palácio foi vendido à Companhia Grande Hotel Internacional e antes que fosse instalada qualquer empresa hoteleira, foi comprado pelo maior acionista desta companhia. Somente em 1896, durante o mandato do então presidente Prudente de Moraes, foi adquirido pelo Governo Federal para sediar a Presidência da República, anteriormente instalada no Palácio do Itamaraty. Com este fim, uma ampla reforma foi executada, desta vez, por orientação do engenheiro Aarão Reis que contou com a importante participação de pintores brasileiros como Antonio Parreiras e Décio Villares, além do paisagista PaulVillon, responsável pela remodelação dos atuais e belos jardins.  Após concluído, o local seria a futura morada de presidente e familiares. Em 1938, o Palácio e seus jardins seriam tombados como patrimônio histórico.  

O Palácio do Catete, como é conhecido, foi palco de intensas articulações políticas, como as declarações de guerra à Alemanha, em 1917, e ao Eixo, em 1942. Nesse mesmo ano, a implantação do Cruzeiro como sistema monetário do Brasil também foi apresentada à partir daqui. 

Em 1914, houve um sarau que gerou grande repercussão, organizado por Nair de Teé, esposa do presidente Hermes da Fonseca, onde foi executado o "Corta-Jaca", música muito animada de Chiquinha Gonzaga, compositora e maestrina carioca. Foi a primeira vez que a música popular foi apresentada nos salões de um Solar aristocrático. 


Além de festas, houveram também memórias de momentos de consternação, como no velório do presidente Afonso Pena, em 1909 e com certeza o mais marcante: o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, desfecho de uma das mais contundentes crises político-militares republicanas. 

Vários presidentes utilizaram suas instalações até que Juscelino Kubitschek encerra a era presidencial neste edifício transferindo para a atual Capital Federal - Brasília, em 21 de abril de 1960. Após esta data, o local foi organizado para receber o Museu da República, inaugurado em 15 de novembro de 1960, em comemoração ao aniversário da Proclamação. O local permaneceu fechado durante 5 anos para reestruturação e restauro, à partir de 1983, e foi reaberto no centenário da proclamação, em 1989.

Visitação

O andar térreo, que compreende Hall de entrada e o Salão Ministerial, mantém um clima solene de reuniões e decisões capitais para o destino da nação.

A esquerda, na primeira sala, encontramos um quadro lindíssimo dos primeiros proprietários do antigo casario, o Barão de Friburgo e sua esposa. É um quadro muito grande e rico em detalhes e perfeição, muito próximo a uma fotografia. 



Na sequência, passamos por uma exposição de longa duração histórica sobre a Memória da Casa: Residência, Presidência e Museu. 













Na sala seguinte (5), encontramos a exposição 'A Res Publica Brasileira', referindo-se às republicas idealizadas mas não concretizadas:



Nesta sala, há também uma escultura de Tiradentes, com um texto na parte de trás, que transcreve a sentença de morte ao alferes, por sua participação ao movimento conhecido como Inconfidência Mineira. 



Ao entrarmos na próxima sala, fiquei maravilhada com o que vi! Do teto a mesa, do chão à parede, que lindo! Trata-se da sala (7), que denomina-se Salão Ministerial:





Legenda do quadro acima:



Tanto na sala a seguir, como nesta mesma sala, há Símbolos da República Proclamada em 1889.


Deodoro da Fonseca - Proclamador da República
Floriano Peixoto - Primeiro Vice Presidente e Segundo Presidente. Conhecido como Marechal de Ferro
Marianne, símbolo da República
Anterior Hino, sofreu mudanças na letra
Brasão representando a República Velha (1889 a 1930)
Desta sala, é possível ver o belo jardim...


Nos salões de 8-10, há uma exposição temporária sobre a importância das CLT's - leis trabalhistas, em favor do trabalhador. 



O último monumento, antes de retornarmos ao Hall de entrada, é uma escultura de Perseu libertando Andrômeda (mitologia):

Artista brasileiro Prof. Chaves Pinheiro, séc. XIX
Ao voltamos ao Hall, observo melhor a escada. Em volta dela, há quadros dos 13 presidentes da República Velha (1889 a 1930): 


A escadaria é simplesmente linda! Todos os detalhes entalhados, chamam muito atenção. A mesmo foi fundida e pré-moldada na Alemanha.



Meu amigo Ondinato Pereira, que me fez companhia, e eu
Descobri que minha amiga Márcia não conhecia... por isso, voltei com ela no dia seguinte!

O segundo andar, é denominado Andar Nobre, devido ao luxo. 

Capela

Na época do Império, era comum incluir no projeto de uma residência uma capela para culto particular do proprietário. No entanto, normalmente ela não fazia parte do complexo. No palácio de Friburgo, a mesma foi idealizada dentro da casa, entre uma galeria e uma sacada, para tentar manter a privacidade. Sua decoração remete a temas religiosos. 


Salão Azul ou Salão Frances

Móveis seguem estilo de Luís XVI e Luís XVII
Salão Nobre

Local onde foram realizadas festas e comemorações de posses
Salão Pompeano

Decoração imitando pinturas murais encontradas em Pompéia
Salão Veneziano



Salão Mourisco

Salão baseado na decoração do Palácio de Alhambra, Granada
Salão dos Banquetes



Cristaleira encomendada da França
Elevador Presidencial

Interligava os três pavimentos
Gabinete de Getúlio Vargas



O terceiro andar, ganha destaque a galeria claraboia, a reconstituição do quarto de Getúlio Vargas e aspectos culturais do Brasil Republicano. 

Quarto de Getúlio Vargas


Ao entrarmos no quarto de Getúlio, ouvimos uma voz, dramática, lendo a carta de suicídio. Há também uma música de fundo, que nos gera um sentimento um tanto estranho. 

"Eu vos dei minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar da História."







Vídeo bacana que conta história de G.V.

Visão da Claraboia




À partir daqui, tem mais umas salas com a exposição Res Pública.

Trajes de Deodoro da Fonseca
Caricatura de D. Pedro II

O museu é mesmo incrível! As salas, os móveis, as histórias contidas, nos levam ao passado de uma forma muito curiosa. Deixo um incetivo a todos para que visitem-no, pois vale muito a pena! 

Fonte de pesquisa:
Folder recebido na entrada no Palácio:


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